Com dois intercâmbios nas costas e muitos sonhos, parti rumo à Vancouver com dois grandes objetivos: aprender inglês de uma vez por todas e me libertar de mim mesma uma vez por todas. Haha Depois de três meses por essas bandas, sigo em busca de ambos os objetivos. Três meses foram só o começo.
A primeira vez que viajei sozinha foi em 2008, aos 17 anos. Foi minha primeira visita ao “the great White North”, mas meu destino foi a fria e agitada Toronto . Em 2014, teve um mês de sonhos em Nova York (fruto de muito Sex&City e Gossip Girl #shameonme) e hoje volto novamente ao meu querido Canadá, mas dessa vez para conhecer o outro lado do país.
De fato, dessa vez, é uma aventura. Não tenho mais um emprego, não tenho mais salário caindo na minha conta todo mês, não tenho mais minha família e nem meus amigos a qualquer hora e o mais aterrorizante: NÃO TENHO MAIS O CONFORTO DO CONHECIDO.
E pode parecer tudo muito legal e é muito legal. Eu recomendo essa experiência para todo mundo desde sempre, mas tem dias que tudo que você quer é deitar na sua caminha, no seu quartinho, comendo bolinho de chuva da sua vó e assistindo a novela das 6.
Passei meu primeiro mês em uma homestay com uma simpática escocesa/canadense. Esse mês de acomodação fechei ainda no Brasil. Para os próximos dois meses que viriam embarquei numa aventura ainda mais especial. Graças a uma querida amiga conheci um site para travelers chamado WorkAway. A proposta é o seguinte, resume-se ao povo do mundo inteiro abrindo suas respectivas casas para travelers em troca de alguma ajuda. Essa ajuda pode ser na própria casa, com animais, com trabalhos paralelos, com projetos na comunidade, etc. Não tem limites nem de propostas e nem de tempo. Você pode ir para Indonésia por 10 dias e se hospedar na casa de uma família local em troca de alguma ajuda. Ambos os lados precisam pagar uma taxa anual para participar, o que acho bom, porque torna o site mais seguro. Aí faço a pergunta: o que eu consegui com isso? Uma simpática e fofa família canadense disposta a ceder um quarto em troca de ajuda com as crianças e com a casa. Sigo com minhas aulas normalmente, ajudo apenas nas minhas horas vagas. Não tenho um horário de trabalho estipulado e nem carga horária. O máximo que fazemos é nos organizar quando o assunto é as crianças. Enfim, nada que eu não faria me hospedando na casa de qualquer pessoa. Que fique bem claro que essa é minha experiência com essa família. Não posso afirmar que todas as propostas oferecidas no site sejam assim, mas o que posso afirmar é que essa é uma maneira linda de economizar dinheiro e ainda ajudar alguém.
Falando como mulher, brasileira, 25 anos e sozinha, graças a Deus nunca enfrentei grandes problemas, no máximo uns approaches bem dos esquisitos nos EUA. Não que seja certo, mas também não me encontrei numa situação de risco. Como brasileira, devido ao momento atual no nosso país, não poderia ser mais difícil. Eu queria poder falar de todas as coisas maravilhosas que a gente tem aí, mas acabo deixando escapar as não tão maravilhosas assim, como a corrupção ou a violência. Aliás, violência é sempre a primeira pergunta que escuto quando o assunto é Brasil.
Fora isso, em dois meses, já ouvi pelo menos 3 vezes um “Hola, como estás?”, na última delas me perguntaram qual era o meu dialeto e de qual grupo étnico eu fazia parte. Não sabia o que dizer… já tinha explicado que minha primeira língua era português, como assim que dialeto? Haha Só podia pensar que eu devo parecer mesmo uma figura bem exótica. No geral os canadenses que conheci até aqui me trataram bem, não têm lá muita curiosidade sobre o Brasil e às vezes fico até grata por isso, já que acho o nosso país muito difícil de se explicar. haha. Mas ao mesmo tempo eu sei que não tem muita pergunta por que tudo que tem no México para baixo, para eles, é um apanhado só. PERIOD. Com isso já aconteceu de eu sentir uns olhares meio estranhos, de curiosidade. Como todos os canadenses que conheço são amigos da família, eles às vezes meio que ficam achando que me mudei para cá para limpar casa ou coisa do tipo. O mais engraçado é que não dou a mínima para isso. Sério! Se antes já achava que ser empregada doméstica (coloque o seu termo preferido para essa profissão aqui) uma das profissões mais dignas, honestas e difíceis que existe, hoje acho do fundo do meu coração, uma profissão linda. Às vezes, depois de limpar e arrumar algum lugar aqui fico uns minutos olhando meu trabalho, orgulhosa mesmo, porque se tem uma coisa que faço bem nessa vida, meus queridos, é lavar um banheiro. Haha
Vancouver é linda! É difícil explicar essa cidade e a realidade que as pessoas vivem aqui. A cidade é 100% green e é muito fácil encontrar um espaço verde, inclusive nos bairros residências. Então o que você vê todos os dias são famílias inteiras e amigos se reunindo para fazer piquenique e tomar aquele sol (pelo menos agora no verão). Não precisa ser final de semana, todo dia é dia.
A maioria dos canadenses ou locais que conheci trabalham part time ou tem um horário de trabalho flexível. Eles trabalham pra viver. Eu, como boa paulistana que trabalhava cerca de 12 horas por dia, nunca tinha visto isso na vida. Eles têm tempo para fazer exercícios, trabalhar, aproveitar a família e os amigos e tudo isso durante a semana. Enfim, eles vivem. De fato, eles gostam de tudo que é Outdoor: hiking, andar de bicicleta, hiking, correr, hiking, fazer yôga ao ar livre e claro, hiking. rs Tudo isso porque além das áreas verdes, Vancouver e região tem uns 18349488000 parques onde as pessoas amam ir para isso.
É lindo ver as casinhas sem portão e flores nas ruas. Eu amo especialmente os predinhos baixos, bem estilo North American que a gente vê nos filmes. Amos os vários cafés espalhados por aí e as lojinhas de tudo quanto é coisa imaginável e inimaginável. Os meus lugares preferido aqui é Kitsilano (ou Kits para os íntimos rs), região onde moro hoje e North Vancouver (que na realidade é outra cidade, mas muito próxima de Vancouver), cidade que morei no meu primeiro mês aqui. Para mim, North Vancouver tá para Vancouver o que Brooklin tá para Nova York.
Fora a segurança e toda aquela história de primeiro mundo que quem já viajou para fora conhece e quem nunca viajou já ouviu falar. Mas Iris, é só coisa boa, não tem nada de ruim? Sim, tem coisa ruim. A quantidade de mendigos por aqui, por exemplo, é insana. Nunca tinha visto isso. Por essa ser a região mais quente do Canadá a galera toda vem para cá para não morrer de frio no inverno. Além disso, 99,9% têm problemas com drogas e bebidas. Não posso generalizar porque não estou apresentando nenhum dado, mas pelo comportamento deles na rua é fácil perceber que muitos tem problemas com drogas e bebidas. Eu não sei detalhes de como isso funciona, mas sei que viciados em drogas pesadas conseguem doses com o próprio governo local. É a forma que a província de BC encontrou para evitar o tráfico. É um assunto controverso e dá manga para outro post. Fora isso tem o furto de bikes, que acredito eu, seja o único tipo de crime que a galera aqui conhece. Leia-se furto/roubo. Não há abordagem do bandido para roubar sua bike, acontece deles levarem quando ela tá “estacionada”. Resultado: todo mundo lamenta, mas ninguém tem medo. E por último, tem o tempo minha gente, chove e chove muito. O legal é quem ninguém pára de viver por conta disso, mas tem hora que pode ficar muito deprê depois de dias seguidos de chuva.
E já ia esquecendo, aqui não tem pastel e caldo de cana, nem pão de queijo e nem pãozinho francês fácil. Não tem português, ah! o português, que saudades de falar minha língua em qualquer hora e em qualquer lugar. Ahhh e aqui também não tem minha vó e todas as coisas gostosas que vêm junto com ela. eu tenho postado bastante nas redes sociais e faço possível pra não fantasiar muito a experiência de morar fora. Digo a minha experiência. Porque quando você menos espera você também entra numa rotina, começa a ter as mesmas preocupações de sempre ou outras diferentes, frustrações que podem acontecer no dia a dia, saudades de casa, etc. É tanta coisa que um post é muito pouco pra explicar. É só vivendo isso mesmo para entender. Então se você tem esse sonho, vá, seja lá pra onde for. Se você não tem, vá também. Vá no feriado, por uma semana, por um mês, mas não deixe de viver a aventura do desconhecido. Não importa a idade, a gente sempre cresce vivendo ele.
Íris
Adorei o texto, queremos e merecemos mais!
Siim, Yara! Merecemos sempre mais! Você tem alguma experiência para compartilhar também? 🙂
Adorei essa matéria!!
Lendo, sinto como você está feliz, está vivendo seu sonho!
Saiba que através dessa matéria irá aparecer muitas ” Íris”, vão ter a coragem que você teve e irão se aventurar!
Adorei! íris que top! Linda de viver sua história!
Deveríamos aprender com a cultura dos canadenses: Não esperar o final de semana para de fato viver!
Li cada palavra, cada para paragrafo para degustar do post que de fato é uma “experiencia viva” e que passa bem longe de uma obra de ficção (nada contra ficção). Foi um dos melhores relatos que já li e como é bom saber que não existe uma regra absoluta para ser, estar ou parecer ser. Podemos ser felizes ou mesmos satisfeitos com nossas próprias escolhas. Não importa se traz lucro ou prejuízo, não importa se ouvimos elogios ou criticas. Todos falam, alguns ensaiam mas, os ORIGINAIS e somente os ORIGINAIS conseguem dar sentido a própria vida. PARABÉNS e todo sucesso do mundo Iris. Fico muito feliz lendo seu Post. A Mayara assim como você também já andou tendo os experimentos dela e isso mostra que vocês representam uma geração de MULHERES INTELIGENTES donas de LINDAS ATITUDES.