Nos últimos 20 anos, há uma imigração maior de bolivianos para São Paulo. Infelizmente, há uma certa resistência de muitos moradores de São Paulo a presença deles com uma argumentação pífia de que eles estariam roubando os postos de trabalho de brasileiros. Diante da forte desigualdade social, eles vieram da Bolívia em busca de uma “nova oportunidade de vida” e acabaram sendo submetidos a trabalhos servis na área têxtil em São Paulo. As confecções de roupas dos bairros da Casa Verde, Bom Retiro, Armênia, Brás e Glicério abrigam estas pessoas, que muitas vezes, dormem nos próprios empregos em quartos coletivos e não usufruem de uma infraestrutura mínima.
Há, por outro lado, um movimento de fortalecimento da identidade cultural dos bolivianos e de seus descendentes. A fim de restabelecer estes laços, a feira da praça Kantuta aos domingos tornou-se um espaço rico de encontros. Próxima ao metrô Armênia e na rua do Instituto Federal de São Paulo, chegar à feira, me deu a sensação de visitar um novo país.
Já tinha ouvido falar por amigos sobre a feira e tinha visto em alguns blogs menções a ela, mas ao chegar ali em um domingo de julho, fui tomada por um incômodo. Vários incômodos, na verdade. Me senti de certa forma, usufruindo de um espaço de resistência que não era o meu e isto me deixou, de certa forma, confusa. A feira é gigante e estava com bastante gente circulando por lá, muitas barracas de comida. O que me chamou a atenção é que em todas as barracas, os cardápios e banners estavam em espanhol. Como vegetariana, sofri inicialmente para me encontrar. Mas já deixo a dica com vocês: encontrei um lugar de empanadas que tinha opções vegetarianas e vegana.
Apesar de estar em outra língua, os atendentes foram super simpáticos e se ofereciam para explicar, mesmo que em portunhol, o que vinha em determinados pratos. Independente disto, é inegável a língua como algo que os une e provoca esta identificação.
Além das barracas de comida, havia de roupas, CD’s (sim, CD’s) e de um cursinho. No centro da praça, a galera disputava a semifinal de um campeonato. Em outro ponto, havia um grupo ensaiando uma dança folclórica. Por fim, aquele reggaeton delícia tomando conta do quarteirão inteiro.
Informações
Domingos, das 11h às 19h
Praça Kantuta – Pari (uma quadra da av. Cruzeiro do Sul)
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