No comecinho de março deste ano, conheci a jornalista especializada em turismo Talita Ribeiro, autora do livro Turismo de Empatia. Fruto da viagem que a autora fez pelo o Oriente Médio, ele traz não só crônicas de viagem, como dicas turísticas de Petra, Jerash e Arbil e um ponto importantíssimo que é trazer o exercício da alteridade e da empatia para o turismo, onde o foco são as pessoas e não os lugares.
Conheci a Talita por conta do projeto que ela conduziu em parceria com o Voopter, o “Viaje, mulher!“. Além de recolher entrevistas com algumas mulheres viajantes, como a querida Camila Leite do blog Na Estrada com as minas que já escreveu para a gente um artigo incrível: sobre viajar e ser mãe, as queridas Gabi e Fabi do blog Estrangeiras que entrevistamos contando quais são as suas experiências de viagem não só como um casal, mas sozinhas e contando com uma entrevista minha sobre as minhas experiências e o Mulheres Viajantes, o projeto se baseou em uma pesquisa.
Apresento a vocês um trecho da minha entrevista com a Talita Ribeiro, em que estou contando sobre a minha primeira viagem sozinha e como foi difícil lidar com o meu relacionamento amoroso e abusivo à época.
“Para viajar sozinha pela primeira vez, com 19 anos, menti para o meu namorado da época. Eu estava há um ano trabalhando em dois empregos e guardando dinheiro para estudar espanhol em Buenos Aires, nesse meio tempo nós nos separamos e voltamos algumas vezes, usei isso como desculpa para dizer que tinha feito as reservas em um período em que não estávamos juntos. Sabia que ele não gostava nem quando eu viajava para visitar a minha família, porque ficava me ligando todos os dias, até três vezes, fazendo eu me sentir culpada por estar longe. Passei um mês sozinha em Buenos Aires, mas toda noite falava com ele pela internet, para passar um relatório do meu dia. Quando voltei para o Brasil, continuamos separando e voltando por mais alguns anos, e eu nunca mais viajei só. Até que consegui me desvincular deste relacionamento e, para comemorar e marcar esse novo período da minha história, embarquei novamente para Buenos Aires. A partir dali, viajaria o mundo, não apenas sozinha, mas também acompanhada por um novo companheiro, que respeita e admira as minhas asas.”
Um mergulho em mim: como o fim de um relacionamento abusivo me permitiu voar
Mais de 5.000 mulheres responderam à pesquisa sobre as experiências delas como viajantes. Elas têm majoritariamente entre 25 e 34 anos (37%) e entre 18 e 24 anos (33,6%). Apesar de a maioria ter o plano e a vontade de viajar, existem três grandes entraves: insegurança, falta de dinheiro e tempo livre. Pensando nestes três tópicos, é importante levantar algumas questões.
Insegurança
Segundo a pesquisa do Voopter, como fator para viajarem menos, as mulheres apontam a insegurança e o medo (31,8%), principalmente da violência de gênero (45,7%). Tendo esses elementos como obstáculos, 37,3% das mulheres justificam o temor de embarcar em uma viagem solo. Por outro lado, 54,2% assumem já terem experienciado isto.
Falta de dinheiro
Como principal impeditivo apontado pelas viajantes, na pesquisa feita pelo Voopter, está é a falta de dinheiro (86,6%). Levando em consideração os dados do Ministério do Trabalho em que elas recebem 16% menos do que os homens, é possível mesurar as diferenças salariais marcadas pelo gênero.
Falta de tempo livre
50,8% das mulheres responderam à pesquisa do Voopter, que lhes faltava tempo livre e, possivelmente podemos atribuir este obstáculo à jornada dupla de trabalho. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada aponta que as brasileiras gastam em média 7,5 horas a mais que os homens por semana com atividades domésticas.
e quem simplesmente ama viajar, mas não quer lagar tudo?
Homens x Mulheres
A ideia desta pesquisa surgiu a partir da análise de dados já existentes como a relação entre homens e mulheres no turismo. “De acordo com o IBGE, as mulheres representam 51,48% da população, porém, elas são minoria em meio aos passageiros de voos no país, apenas 43,6%, segundo um estudo da Secretaria de Aviação. Elas também têm menos planos de viagem, já que só 27,3% das entrevistadas pelo Ministério do Turismo, na última Sondagem do Consumidor, responderam positivamente quanto a intenção de viajar nos próximos meses, contra 35,3% dos homens.”
Segundo a pesquisa promovida pelo Voopter, “a maioria das mulheres não viaja a trabalho (74,6%) e quando o assunto é lazer, elas embarcam apenas uma vez ao ano (41,4%) ou até três vezes nesse mesmo período (35,3%).”
Para você, existe algo que te impeça de viajar? Deixe nos comentários para conversarmos. No meu caso, acredito que viajo menos do que gostaria por conta dos meus horários de trabalho formal e por uma questão de orçamento.
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